Num mundo em constante evolução (e ebulição), a temática dos “Fenómenos Aéreos Não Identificados” (UAP, na sigla em inglês), não poderia deixar de acompanhar esta efervescência, consubstanciada num conjunto de projetos de investigação, de âmbito universitário, que pretendem credibilizar o estudo destes fenómenos, para além de uma mudança de paradigma na aceitação, por parte de alguns poderes políticos, com o objetivo de determinar “origens e intenções” dos UAP.
Contudo, é conveniente (re) lembrar, que a génese do estudo e investigação desta fenomenologia incomum, não é de hoje, pois desde a década de 1950, primeiro nos EUA e depois um pouco por todo o planeta, esta problemática começou a interessar curiosos e investigadores, civis e militares, com a criação de várias organizações e projetos, mais ou menos elaborados, com o objetivo de tentar encontrar respostas para os inúmeros relatos/registos recolhidos, de fenómenos que, ainda hoje, teimam em continuar a escapar a uma explicação racional, à luz dos conhecimentos científicos vigentes.
É verdade que ainda sabemos muito pouco (apesar de, a cada dia que passa, sabermos um pouco mais), acerca dos mistérios da Vida e da sua (provável) difusão no Universo incomensurável, de que fazemos parte integrante.
Claro que a questão da possível existência de “vizinhos cósmicos”, poderá, ou não, consubstanciar uma explicação para a observação de tais artefactos voadores, com comportamento anómalo, por vezes aparentemente impossível, nos céus do nosso planeta.
Todavia, é fundamental que não nos afastemos de uma análise criteriosa dos dados disponíveis (p. ex., registos radar, fotografias, gravações em vídeo, a partir de aviões militares), mas também os relatos das testemunhas de tais eventos, pois não esqueçamos que estamos na presença de uma fenomenologia, em que a componente humana tem um peso muito significativo, para não dizer decisivo, com a subjetividade que também lhe é adjacente. Contudo, não devemos fechar completamente as portas a outras possíveis explicações, a partir da formulação de novas teorias científicas, que hoje ainda dão os primeiros passos.
É neste contexto multifacetado que vimos surgir o projeto que dá pelo nome de “STELLAR”.
Um projeto que se pretende diferente de tudo o que se fez no passado, ainda que não possamos escamotear (porque seria incoerente), o caminho percorrido até ao presente.
Aliás, no que diz respeito, particularmente, à investigação destes fenómenos, em Portugal, iniciada de uma forma mais organizada a partir de meados da década de 1970, por um conjunto de estudiosos/investigadores, que apesar da escassez de recursos técnicos ao seu dispor, conseguiram reunir e analisar um vasto espólio documental, hoje consubstanciado no CTEC, pioneiro, em Portugal, na abordagem, sob o cunho científico da Academia, e fiel depositário dessa informação única.
Assim, e porque estamos em presença de fenómenos com comportamentos e performances bizarros, é fundamental incrementar a envolvência de especialistas das várias áreas do saber (Física, Astronomia, Astrofísica, Psicologia, Neurociências, História, Biologia, Filosofia, etc.), no sentido de uma análise multidisciplinar, conducente à confirmação de informações futuras, partilhadas a partir de uma cooperação internacional, que se pretende profícua e abrangente, para melhor se tentar compreender estes eventos e a sua extensão à escala planetária.
9/3/2022
Mário Neves